Black Friday estará mais presente em lojas físicas

Data tem se consolidado como evento promocional forte, com crescimento de 30% ao ano

JOÃO MATTOS/ARQUIVO/JC

Data tem se consolidado como evento promocional forte, com crescimento de 30% ao ano

Carolina Hickmann
Com a tendência de retomada econômica, a Black Friday é aguardada por lojistas e consumidores. A previsão da Associação Gaúcha para Desenvolvimento do Varejo (AGV) é que só no Rio Grande do Sul a movimentação deva ser de até R$ 150 milhões, com tíquete médio entre R$ 700,00 e R$ 900,00. Em nível nacional se espera a concentração de R$ 2 bilhões em faturamento do comércio físico e online. Este número representa um aumento de 34% em relação a 2015, quando o dia de promoções movimentou R$ 1,53 bilhão.
A Black Friday foi importada dos Estados Unidos em 2010. Em sua primeira edição esteve totalmente online. A novidade para este ano, de acordo com o presidente da AGV, Vilson Noer, é a maior participação das lojas físicas. “A Black Friday tem se consolidado como um evento promocional muito forte, que cresce com projeção de 30% ao ano, e chega para o varejo com ótima aceitação”, acredita.
Assim como em seu país de origem, o evento ocorre na quarta sexta-feira de novembro. A escolha da data se deu pensando na lacuna de vendas do mês, que não possui datas comemorativas. “Ficamos com uma menor movimentação no comércio em função do retardamento das compras de Natal”, comenta Noer. Além disso, parte dos consumidores já terão recebido a primeira parcela de seu 13º salário na data.
Em pesquisa realizada com 1,1 mil consumidores da Black Friday do ano passado, o Mercado Livre descobriu que, para 64% deles, o desconto à vista é mais importante que o parcelamento no momento da compra. Dados da AGV apontam que 44% dos consumidores devem adquirir algum produto na Black Friday. As preferências são de eletrônicos, com 33% das indicações, seguidos por eletrodomésticos e informática aparecem em segundo e terceiro lugar, respectivamente, com 30% e 26% das intenções de compra.
Estes números levam em conta também o comércio eletrônico. Este ano algumas lojas online anteciparam seus descontos. A intenção é aproveitar a efervescência que o evento traz para aumentar seus lucros também no início do mês de acordo com o diretor de comunicação da Câmara e consultor do Comitê de Varejo, Gerson Rolim. Através da 3ª edição do Black Friday Legal, selo criado para assinalar e-commerces confiáveis, a entidade pode garantir quais marcas irão praticar descontos reais durante o evento.
Mesmo com o evento já consolidado, o varejo virtual segue em aprimoramento. A preocupação agora se volta às vendas mobile. De acordo com o E-bit, 11% das vendas online registradas na edição passada se deram em tablets e smartphones. A Câmara Brasileira de Comercio Eletrônico confia em um número ainda maior para este ano e apostou na criação de diretrizes para melhorar a experiência de compra. “Para conferir o selo também analisamos a entrega de uma boa experiência mobile”, explica Rolim.
Rolim, no entanto, adverte que os lojistas não são obrigados a colocar todo o seu estoque no evento. Os consumidores precisam procurar aqueles produtos assinalados como participantes.

Setor de imóveis tem novembro de promoções

Assim como o e-commerce, o setor de imóveis não aguardou a última sexta-feira do mês para dar início as suas ofertas. Com as promoções, somente a imobiliária Viva Real registrou aumento de 93% nos clientes interessados em imóveis em novembro do ano passado.
Este ano a empresa repete a dose e até 30 de novembro terá imóveis com descontos. O maior desconto ofertado em Porto Alegre é de 40% em apartamentos de 49 m², 59 m², 62 m² e 74 m² no Teresópolis. No Brasil, os descontos variam entre 5% e 45%.
A construtora Tenda também tem ofertas no Rio Grande do Sul, com entrada a partir de R$ 99,00 pelo Minha Casa, Minha Vida faixa 3. A marca criou seu evento próprio, o Black Tenda. Em Porto Alegre estão disponíveis imóveis na zona Norte e Sul.

Órgãos de defesa do consumidor alertam sobre fraudes

O consumidor que se sentir lesado durante a Black Friday pode recorrer aos órgãos de defesa. A Proteste criou uma cartilha para orientar o pré e pós-compra. De acordo com o Procon, a reclamação mais recorrente se dá no pós-compra e diz respeito ao prazo de entrega dos produtos.
“A data de entrega faz parte da oferta, da mesma maneira que o produto ser de determinada cor ou marca”, explica o advogado do setor de produtos do Procon-RS, Diego Azevedo. Em casos de atraso do produto, o consumidor pode consultar o órgão e garantir o seu direito ao reembolso integral do valor desempenhado na compra.
A cartilha da Proteste alerta para alguns casos nos quais o barato sai caro. Se o prazo de entrega de um produto estiver mais longo que o habitual, pode ser que a empresa não o tenha em estoque. Isso significa que ela ainda precisará obtê-lo junto a um fornecedor ou importador.
Segundo o Procon, o consumidor também tem direito a troca do produto no prazo de sete dias em compras não presenciais. Nas compras em lojas físicas a troca está condicionada a política estabelecida pela empresa. A maior parte dos estabelecimentos garante ao consumidor a troca caso o produto ainda esteja conservado com a etiqueta ou embalagem não danificada.
Para as duas entidades o essencial é a pesquisa de preços, não somente na data. “O ideal é saber se o preço realmente baixou e evitar comprar ‘pela metade do dobro'”, brinca Azevedo. Ele alerta que às vezes os produtos estão em promoção, mas o valor inicial é elevado às vésperas do evento.
Reclamações devem ser enviadas ao e-commerce ou loja física no qual o produto defeituoso ou o serviço deficitário foi adquirido. Caso não haja a solução do problema, o consumidor deve acionar o órgão de defesa o quanto antes. Se a questão não for solucionada, ainda existe a possibilidade do encaminhamento à justiça. Causas que envolvam até 20 salários mínimos poderão ser discutidas no Juizado Especial Cível, sem necessidade de advogado.

Sites comparadores de preço organizam programações especiais

Este ano o consumidor da Black Friday contará com o auxílio tradicional que os sites comparadores de preços trazem e com outras vantagens ofertadas especialmente para o evento. Pensando em atrair e fidelizar clientes, o Zoom e o Buscapé reinventaram-se para a ocasião.
O Zoom disponibilizará uma série de artifícios para o melhor aproveitamento do evento – desde alerta de preços mediante cadastro de produtos até equipe de especialistas à disposição 24h. O consumidor poderá acessar essas ferramentas através do hotsite criado pela marca.
A validação dos preços também poderá ser acompanhada pelo site. Uma ferramenta medirá a oscilação dos preços durante o dia. Através dela o consumidor poderá comparar os valores praticados antes do evento. O site atribuirá um selo aos produtos que tiverem descontos realmente expressivos.
O Buscapé promoverá um sorteio no dia 25. São três seleções de produtos que vão desde um iPhone 6S a um PlayStation 4. A participação se dá mediante cadastro que inclui o CPF e telefone.